segunda-feira, junho 12, 2006

O jantar correu de feição para Maciel. O padre reparou na forma demasiado acolhedora com que as jovens o receberam, e fez acompanhar o jantar com uma conversa amena, mostrando-se preocupado com os problemas de ordem económica com que as irmãs se debatiam e com os problemas da sociedade em geral. Não se cansou de elogiar aquele magnífico cabrito assado na lenha com que elas o tinham presenteado, notando com enorme satisfação que o sucesso que fazia ao proferir estas afirmações era imediato.
Era chegada a hora de descansar. Os dias no convento começavam bem cedo e era às dez horas impreterivelmente que todos se deitavam.
O convento possuía apenas um quarto para a Madre Superiora e duas camaratas enormes. A Maciel foi destinada uma cama numa das camaratas, a qual era contígua com a outra onde dormiam as outras freiras. A Madre que dormia no seu quarto, não viu qualquer inconveniente para esta solução de recurso dados os votos celibatários que todos os presentes naquele convento tinham feito.
Enquanto o padre foi tomar um merecido banho, cansado que ainda estava da sua longa viagem, as jovens não paravam de tecer comentários entre elas acerca da figura de Maciel. Como raramente viam homens, o padre aos olhos delas era o mais bonito dos seres. Quando o padre se foi deitar, prostaram-se à fechadura da porta que separava os dois compartimentos para observar mais uma vez a beleza de Maciel.
Como era seu hábito o padre dormia completamente nu. Maciel estava a acariciar o seu membro ao de leve, e quando elas viram aquele exagerado rolo da massa em ponto grande, sentiram o sangue a ferver-lhes nas veias, tal era a vontade de o provar. Este começou-se a desenrolar qual língua de sogra quando por alturas do Entrudo os petizes lhe sopram e movidas por uma loucura sã e um desejo desenfreado, as irmãs derrubaram a porta surpreendendo Maciel.
Não existe aparelho no mundo capaz de medir a concupiscência que exalava de um só poro de qualquer uma delas. Pareciam possuídas pelo demónio correndo na direcção do fiel servente de Deus. A primeira a chegar levou semelhante estocada que caiu por terra desmaiada.

quinta-feira, junho 01, 2006

Desiludido por não vislumbrar aparentes sinais de vida, resolveu dar a volta por trás onde avistou os primeiros sinais de vida: tratava-se de uma modesta capoeira e de uma casota com alguns coelhos. Foi então que ao retornar à entrada pelo lado direito, onde se estendia um campo com plantações de batatas e couves, constatou que havia luz em algumas dependências, tornando pois a bater, agora com uma intensidade redobrada até que se ouviu o barulho do ranger da porta:
- Boa noite! O que posso fazer por si?
Maciel ficou deveras surpreendido com o que se lhe deparava. Era a Madre Superiora e aquele edifício não era mais do que um convento.
- Desculpe Madre, eu sou o padre Maciel e estou aqui ordenado pelo Bispo da Guarda para espalhar a palavra de Deus, mas já vi que a minha missão aqui não tem qualquer fundamento. Desculpe lá o incómodo e tenha uma muito boa noite na companhia do Senhor.
Estava já o padre a dirigir-se em direcção ao portão quando a Madre o interpelou, convidando-o a jantar e a pernoitar no convento dada a intempérie que se tinha abatido sobre Vilar Formoso. Maciel aceitou de bom grado o convite e um pouco hesitante entrou.
A Madre Superiora, de seu nome Júlia, encaminhou o padre para a cozinha do convento com o intuito de o apresentar às restantes irmãs que habitavam a santa moradia. Estavam a cozinhar, e foi com bastante agrado que viram entrar na sua casa aquela silhueta esbelta.
- Meninas, este é o Sr. Maciel. É o novo padre de Vilar Formoso e hoje vai comer e pernoitar aqui, porque já está escuro e o caminho de volta é perigoso.
- Boa noite Sr. Padre!
Eram visíveis os sorrisos disfarçados que elas tentavam esconder, com medo que a Madre as castigasse por terem pensamentos daquela estirpe em relação a Maciel.