Eram ainda oito horas da manhã quando se puseram a caminho. A jornada era longa e ao contrário de Maciel, Sebastião dava algumas mostras de fadiga arfando amiúde e com grande intensidade. Não foi fácil para o padre nem para o seu companheiro, mas conseguiram chegar ao seu destino embora muito cansados, e resolveram pernoitar ainda nos arredores de Vilar Formoso.
Era chegado o Inverno e com ele as fortes chuvadas que invariavelmente se faziam sentir para aqueles lados, por vezes até acompanhadas de neve. Ao quarto dia de manhã bem cedo e já recompostos da longa viagem, os dois amigos chegaram finalmente à vila onde foram recebidos com um misto de simpatia e de desconfiança pelos habitantes. Maciel, habituado a por vezes ter que suportar ambientes hostis não se apoquentou muito com a situação, e com passos confiantes e decididos dirigiu-se à igreja a fim de se apresentar.
Chegado à casa de Deus, o padre não encontrou ninguém a não ser o sacristão Ezequiel que de pronto o inquiriu acerca da sua identidade. Maciel explicou ter sido ordenado pelo bispo da Guarda, e o sacristão não mais fez do que dar as boas vindas e mostrar os aposentos ao padre, partindo de seguida em busca de uma casota para o Sebastião. Após um breve almoço, pôs-se a caminho da vila para encetar a sua missão, deixando o seu companheiro sob a guarda do sacristão.
Visitou uma série de casas naquela tarde onde encontrou de tudo um pouco, desde a mais pura das almas cristãs à mais infiel e mourisca das consciências. Eram já seis da tarde quando parou para fazer um breve balanço do seu trabalho vespertino, e não se podia dizer que tinha sido mal sucedido: das casas que visitara e nas quais não abundavam pensamentos cristãos, quase todas ele tinha conseguido converter à sua crença.
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