quinta-feira, abril 13, 2006

Do lado direito era observável a harmonia de um rebanho de ovelhas, pastando no remanso do seu verde prado, sempre acompanhadas do fiel Sebastião, um imponente e belíssimo Serra da Estrela que naquele tempo seguia Maciel por tudo quanto era canto. Mais adiante estavam as vinte e cinco cabeças de gado bovino que serviam de ganha-pão ao sacerdote, que de economias apenas possuia a recordação. O cenário completava-se com uma magnífica vista do lago e do pomar de laranjeiras que o rodeava, tornando-o um local deveras aprazível e convidativo à meditação, onde Maciel, de resto, passava as suas tardes entregue a ociosos pensamentos sobre a razão da sua existência.
Começava então a lida matinal. A época não era de descanso, mas sim de árduo e afincado trabalho: estávamos no período de reprodução do gado, altura em que Maciel vastas vezes tinha de fazer o papel de boi junto das mais insaciáveis rezes fêmeas, ávidas de algo que preenchesse o diâmetro das suas cavidades genitais. Era nestas ocasiões que o presbítero aproveitava para manter as suas qualidades técnicas em bom nível.
Nesse dia, como em tantos outros, Maciel dirigiu-se para a estrebaria fazendo valer os seus vastos conhecimentos zootécnicos. Escolhendo aleatoriamente uma vaca castanha de raça Barrosã, o padre arriou as ceroulas e introduziu o seu esplendoroso bisnau.